quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

.tear of misanthropy.

(fotografia por V.Caldeira)

quando o quarto se encerra, antes da noite, abro a minha janela para me lembrar de como a luz bate nos prédios e de como espelham o teu rosto em toda a parte. gosto de apagar a luz; ver as cortinas paradas, o azul nocturno, quieto, um vazio muito doce que se esbate nos contornos. lembro-me de ti. são dias magoados, os que se seguem às partidas. antes da noite, quando o quarto se encerra, as luzes da tarde são traços vagos nos vidros. são pombos que se escondem nas arcadas. segundas-Feiras passadas em redor de utopias, mas de repente

o som fendido, rasgado como um sorriso teu, quase tão grande como o azul nocturno. [mais sossegado. abafado pelo calor prisioneiro do início do verão.] gostava que viesses sempre antes da noite, para que abrisses a janela comigo – veres a luz a bater nos prédios, o teu rosto espelhado no meu. a vida feita de espelhos. não seria maravilhoso? as estradas a reflectirem os destinos. as sombras a serem mais do que imagens maiores do que nós.

hoje encerro o quarto quase sozinha.
apago a luz para ver a rua e as luzes dos outros. as vidas feitas de espelhos e pianos que nunca chegam a ser realmente nossos. mas, sabes que mais?
gosto das tuas mãos a serem apressadas.
V. Caldeira (2008)

Sem comentários: