quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

.soulsadness.

(fotografia por V. Caldeira)

(às 02:51 do dia 20 de agosto pensei para ti. perdoa-me a ausência; isto são apenas espelhos da extrema quietude nas minhas madrugadas.)

morrer-me contigo, assim, tão profundamente. tão sem querer. um luar quase crescente de todas as angustias que vais sentindo. todas as angustias que eu te vou roubando, aos pedacinhos, com os quais eu vou construindo o resto do que me tem magoado. não quero que penses que gosto, que é propositado o medo que surge enquanto me debato com questões temporais. não é nada disso. é só porque no medo a ternura parece quebrar-se numa ilusão assombrosa e eu debruço-me, vendada em laços, para a segurar, para ta oferecer, para a amarrar a ti para que não a percas, tudo muito veloz, demasiado veloz, grande, imenso, branco dentro de mim – tão salgado como a tua pele. mas tu declaras-me um je ne sais quois de tristeza e tudo aquilo que são os meus olhos funde-se com o que resta das minhas artérias: o som da minha própria pulsação na garganta que seca com os pensamentos. [confias o suficiente em mim para me confessares os teus penhascos?] escuta e perdoa-me se alguma vez eu te fiz acreditar que nada seria suficiente – por vezes é apenas o tom magoado das coisas por si só. e mesmo que eu não tenha a culpa de nada, perdoa-me na mesma porque os dias são eremitas de pedra.

pouco a pouco temos uma casa construída de horas e cigarros.
é uma casa amaldiçoada que vamos acabar por destruir
com sorrisos demorados. Só temos de ter esperança, lembras-te?

V. Caldeira (2008)

Sem comentários: